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Diálogos de Viejos y Nuevos Sones - Notas ao Programa

As músicas de raiz como o flamenco constituem-se como um emergir permanente de novos ramos a partir do tronco das tradições, numa interação constante entre o novo e o antigo. Partindo, cada um deles, do seu próprio ponto de partida desse eterno tronco, Fahmi Alqhai e Rocío Márquez entrelaçam as suas folhas musicais em busca de pontos de intersecção entre os cantores vivos com as suas origens, algumas das quais nos chegaram por via da tradição oral e outras foram descobertas em manuscritos antigos: canções de flamenco que migraram da Andaluzia para o folclore americano e de volta à Andaluzia, mas também chaconas e canárias que cruzaram o Atlântico para se acharem escritas nos primeiros livros de guitarra espanhola do outro lado do oceano, no século XVII; canções em ostinato do grande Monteverdi junto a ancestrais 'seguiriyas', com a sua roda de acordes – sempre idêntica – provindas daquela mesma Itália do século XVII; e canções de Alosno lado a lado com as cantigas tradicionais catalãs 'cants del ocells'.

 

A confluência das duas tradições não é casual: terá sido na Espanha barroca, tão fechada à Europa como aberta à América, que foi amalgamado um estilo peculiar de ritmos e harmonias, comuns à música popular e erudita, o qual ainda hoje podemos reconhecer nos mais antigos cantos de flamenco. Mas, para acender a estas melodias antigas, há que surgir uma centelha entre os artistas bem vivos, para que façam sua esta música, como o fazem Márquez e Alqhai. 

 

Accademia del Piacere