Músicos Pedro Henriques da Silva, Lucía Caruso e Larisa Martínez estiveram em residência artística em Monserrate

No passado mês de agosto, os músicos Pedro Henriques da Silva e Lucía Caruso regressaram ao Parque e Palácio de Monserrate para uma nova residência artística, desta vez em colaboração com a soprano porto-riquenha Larisa Martínez. Os três artistas estão a trabalhar num novo projeto baseado numa lenda de Sintra que cruza poesia, natureza e magia, tendo encontrado no Parque e Palácio de Monserrate o local ideal para se inspirarem.

Pedro Henriques da Silva, compositor português, multi-instrumentista e professor, e Lucía Caruso, compositora e pianista argentina radicada em Nova Iorque, estão a compor cinco canções sinfónicas para a voz de Larisa Martinez. Para este projeto, os compositores escolheram uma lenda repleta de música e de magia — a da moura Zara, cujo pai, Zadig, lhe proibia o casamento com o seu amado, que termina com a trágica morte dos dois amantes, cantando eternamente na serra de Sintra, ao luar. Miguel Boim, autor do livro ‘Sintra Lendária’, que recupera essa antiga lenda, foi convidado pelos compositores para redigir os poemas das canções.

Esta colaboração foi materializada no trabalho conjunto que os dois compositores, a cantora e o letrista levaram a cabo durante a residência artística em Monserrate, ao longo da qual procuraram tirar o melhor partido do virtuosismo da voz da soprano. Pedro Henriques da Silva salienta: “não só aqui [em Monserrate] as ideias fluem com muita naturalidade, como este processo de trabalho conjunto foi muito frutífero”. Resumindo o estado de espírito do coletivo, acrescentou: “estamos extremamente contentes com esta experiência e confiantes de que chegaremos a um resultado que nos irá satisfazer muito.”

Pedro Henriques da Silva e Lucía Caruso descobriram o Parque e Palácio de Monserrate em 2010, quando foram convidados pela Parques de Sintra para realizar concertos neste local e, desde então, solicitam regularmente autorização para compor na Sala da Música do palácio e no parque, que consideram ser o lugar mais belo que existe — mesmo depois de já terem percorrido o mundo inteiro — e a sua principal fonte de inspiração. Em termos técnicos, exaltam as excecionais condições acústicas da Sala da Música, que proporcionam uma sonoridade única.

O Concerto para Guitarra Portuguesa de Pedro Henriques da Silva, o primeiro Concerto escrito para este instrumento na história da música, foi composto em Monserrate e influenciado pela forte carga cénica da Ruína Romântica.

Da autoria de Lucía Caruso, destaca-se o Concerto para Piano, executado com a Orquestra Metropolitana de Londres, a Academy of St. Martin in the Fields e a Orchestra of the Swan, em locais emblemáticos como a Igreja da Santa Trindade, em Strattford-Upon-Avon, e os estúdios Abbey Road, onde foi gravado. O álbum que reúne estes dois Concertos é, aliás, ilustrado com uma imagem do Palácio de Monserrate. Também os ciclos de canções ‘Echoes of Nature’ e ‘Shakespeare Songs’ de autoria conjunta, foram compostos em Monserrate, tal como o foram os temas do álbum ‘Through My Window’, de ambos.

A beleza de Monserrate sempre impressionou a alma sensível dos artistas, com destaque para grandes nomes da literatura como William Beckford e Lord Byron, que se inspiraram neste recanto de Sintra. Mantendo o seu fascínio intacto ao longo dos séculos, o local continua a seduzir quem faz da arte o seu modo de vida.