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Quarto das Damas do Palácio da Pena volta a ser azul como na época da monarquia

18 dez. 2025

No Palácio Nacional da Pena, as intervenções de conservação e restauro continuam a revelar pedaços da história que o tempo quase apagou. Durante os trabalhos em curso no Quarto das Damas, as sondagens parietais demonstraram que, sob a pintura num tom amarelo intenso ali aplicada no século XX, ainda persistiam vestígios do azul seco que, de acordo com a investigação histórica, foi a cor escolhida para o espaço por ocasião da última campanha decorativa levada a cabo na época da ocupação do Palácio por parte da Família Real. Para devolver esta memória histórica ao Quarto das Damas, a camada do século passado está a ser removida e o tom azul seco vai voltar a cobrir as suas paredes. O Quarto do Veador e o WC adjacente estão, também, a ser recuperados, no âmbito do Plano de Manutenção do Palácio Nacional da Pena.

 

“Esta intervenção foi precedida de uma investigação histórica rigorosa. Conseguimos perceber e conhecer as diferentes camadas parietais que foram sendo sobrepostas ao longo do tempo”, explica João Sousa Rego, presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra. O responsável realça, igualmente, que os trabalhos decorrem a par da visitação, no âmbito da política Aberto para Obras da Parques de Sintra, “para que os visitantes possam conhecer os nossos modelos de intervenção, a forma como salvaguardamos e valorizamos o património.”

 

No Quarto das Damas, para além da já referida reposição do tom azul nas paredes, o teto em estuque policromado será restaurado. Quanto ao Quarto do Veador e WC anexo, os trabalhos contemplam a recuperação dos revestimentos, incluindo a remoção de atividade biológica e poeiras; a consolidação do suporte e reintegração cromática; e o restauro dos estuques policromados, que, tanto nas paredes, como no teto, apresentam uma pintura que imita as tábuas alinhadas de uma construção em madeira. No lugar da sanca, a decoração naturalista em alto-relevo é composta por troncos cruzados e podados com pinhas, em linha com a decoração arquitetónica do Palácio Nacional da Pena, sobretudo na escultura do exterior.

 

Nas três divisões que estão a ser objeto de intervenção, as infraestruturas elétricas serão requalificadas, bem como a iluminação cénica, prevendo-se que os trabalhos se prolonguem até ao final de março de 2026. Concluída esta fase, proceder-se-á à reconstituição historicamente informada dos espaços e à sua revisão museográfica.

 

O Veador e Dama: alta nobreza ao serviço de Sua Majestade a Rainha D. Amélia

 

Durante o reinado de D. Carlos I e de D. Amélia, os compartimentos do piso superior do claustro foram inteiramente destinados ao serviço da Rainha, sendo ocupados pelos seus aposentos e pelos de quem a servia de uma forma mais próxima, designadamente o Veador e a Dama – habitualmente um casal pertencente à alta nobreza que integrava a chamada Casa da Rainha. A principal função de ambos era acompanhar a Rainha, quer no interior do Palácio, quer fora dele, servindo de intermediários entre Sua Majestade e outras personalidades.

 

No entanto, os espaços que hoje conhecemos como Quarto do Veador e Quarto das Damas tiveram outras funções na época de D. Fernando II. O Quarto do Veador foi o quarto de toilete deste monarca e, posteriormente, foi ocupado pela sua segunda mulher, a Condessa d’Edla, passando a servir de guarda-roupa destinado à “Toilette da Senhora Condessa”. 

 

O Quarto das Damas funcionou como Quarto de Cama de D. Fernando II, tendo sido depois transformado num quarto de toucador, ou boudoir, para a futura Condessa d’Edla.