Equilíbrio entre natureza e economia esteve em discussão no Palácio Nacional de Sintra
24 out. 2025
No dia 24 de outubro, o Palácio Nacional de Sintra acolheu a conferência “Natureza e Economia – Caminhos para a Sustentabilidade”, durante a qual se debateram soluções para conciliar a proteção da natureza e o desenvolvimento económico das comunidades e dos territórios, com particular relevo para o caso específico do Parque Natural de Sintra-Cascais e para os desafios que enfrenta. A iniciativa do ECO e da Parques de Sintra reuniu decisores, gestores e académicos, que refletiram sobre esta temática e partilharam conhecimentos, experiências e ideias para um futuro mais sustentável e harmonioso.
Na sessão de abertura, João Sousa Rego, Presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, salientou: “a sustentabilidade não é apenas um conceito ou uma meta, mas a essência da nossa missão” e apresentou os três princípios estratégicos que orientam a ação da Parques de Sintra — melhoria da qualidade da visita; reforço das parcerias com as associações e setor empresarial local; e sustentabilidade da empresa, dos seus serviços, com a aposta na valorização da biodiversidade da Serra de Sintra.
Enfatizando que, para a Parques de Sintra, “a sustentabilidade é um motor económico, não apenas uma meta ambiental”, afirmou que a empresa “quer continuar a demonstrar que é possível conjugar viabilidade económica, conservação ambiental e valorização cultural, com transparência, cooperação e sentido de serviço público.” “O futuro da economia depende, mais do que nunca, da forma como tratamos a natureza”, concluiu.
Por seu turno, João Silva Lopes, Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, lembrou o fraco crescimento económico que tem caracterizado o país nas últimas décadas e defendeu que a chave do sucesso está na desafiante harmonização dos “três pilares fundamentais: social, financeiro e ambiental”. Na sua perspetiva, “a transformação digital, científica e demográfica” é fundamental neste processo.
Seguiu-se a conferência, cujo primeiro painel foi subordinado ao tema “Património e Cultura: Equilíbrio com a Comunidade” e contou com os contributos de Filipa Pantaleão, secretária-geral do Business Council for Sustainable Development; Madalena Martins, da Associação QSintra em Defesa de um Sítio Único; e Luís Correia da Silva, CDO do grupo SAVIOTTI. Este momento de discussão incidiu, sobretudo, nos desafios que a pressão turística coloca sobre a Paisagem Cultural de Sintra e na necessidade de conciliar a visitação com a vida da comunidade local e com a proteção da natureza, para que todos beneficiem do crescimento económico que o turismo proporciona.
No segundo painel, o debate girou em tornou da temática “Turismo de Valor Acrescentado: um pilar para a Sustentabilidade”. Teresa Monteiro, Vice-Presidente do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal; Nuno Banza, Presidente do Conselho Diretivo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas; e Miguel de Castro Neto, Dean da NOVA Information Management School, sublinharam que Sintra reúne todas as condições para um futuro económica, social, cultural e ambientalmente sustentável, mas esse objetivo só será alcançado com uma gestão centralizada.
A sessão de encerramento coube a Maria da Graça Carvalho, Ministra do Ambiente e Energia, que começou por sublinhar que a Parques de Sintra é uma empresa de referência nacional e internacional, bem como a relevância dos temas a debate.
No dia em que começou a discussão do Orçamento de Estado na Assembleia da República, Maria da Graça Carvalho elencou algumas prioridades do seu ministério para o futuro, que impactarão positivamente a Paisagem Cultural de Sintra, como o Plano Nacional de Restauro da Natureza (PNRN) que é “fundamental para o futuro da biodiversidade e do território”. A fase de diagnóstico, que inclui relatórios sobre ecossistemas terrestres e fluviais, conectividade ecológica, áreas urbanas, polinizadores e ecossistemas agrícolas e florestais, está em fase de conclusão.
Maria da Graça Carvalho lembrou, igualmente, que está para breve o lançamento do Mercado de Carbono, que vem permitir às empresas, mas também aos cidadãos, “investir com transparência em projetos que geram benefícios ambientais e territoriais duradouros, contribuindo de forma direta para os objetivos nacionais de descarbonização”.