Parques de Sintra e proprietários privados assinaram protocolo para monitorização e controlo da vespa asiática
02 dez. 2025
No dia 25 de novembro, a Parques de Sintra e a Associação de Proprietários de Quintas da Serra de Sintra assinaram um protocolo de colaboração que une as duas entidades no esforço de monitorização e controlo da vespa asiática, ou Vespa velutina, na Paisagem Cultural de Sintra. Através deste acordo, a rede de armadilhas que a empresa possui nas áreas sob a sua gestão passa a abranger, também, as propriedades privadas, ampliando a zona monitorizada de 460 para 590 hectares.
A Parques de Sintra cede as armadilhas gratuitamente aos proprietários privados e providencia o apoio necessário à sua instalação e utilização, no âmbito da sua estratégia de combate a esta espécie invasora que atua como predadora de insetos polinizadores e desequilibra os ecossistemas.
Na sessão de assinatura do protocolo, João Sousa Rego, presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, explicou que a empresa trabalha no combate à vespa asiática desde 2020: “nos espaços sob a nossa gestão, temos uma equipa técnica que monitoriza e combate esta espécie, mas não chega porque estamos inseridos num território de parque natural muito amplo que não se coaduna com limites administrativos.” Por isso, defende: “é fundamental atuar de forma integrada, envolvendo parceiros locais, os diferentes stakeholders e os organismos da administração central. Este protocolo vai muito além do combate à vespa asiática. É um primeiro passo para promover um trabalho conjunto e a partilha das melhores práticas com vista ao desígnio comum de salvaguardar o Parque Natural Sintra-Cascais e a Paisagem Cultural de Sintra.”
Rita de Castro Neto, presidente da Associação de Proprietários de Quintas da Serra de Sintra, agradeceu a iniciativa da empresa e partilhou a mesma opinião: “em Sintra, enfrentamos diversos riscos e é fundamental trabalharmos em conjunto para mitigá-los. A vespa asiática é uma dessas ameaças. Este protocolo pensa em todos e, nessa medida, segue o caminho certo, evidenciando uma nova dinâmica da Parques de Sintra rumo a uma gestão integrada do território. Contamos convosco e quero que saibam que podem contar connosco também, para juntos fazermos este percurso com coragem, com ética e com confiança, em prol de Sintra.”
A assinatura do protocolo incluiu uma sessão de esclarecimento, que contou com a intervenção de Anabela Nave, do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. A especialista começou por explicar que a vespa asiática foi detetada pela primeira vez na Europa em 2004, em França, e que, em apenas uma década, já colonizou praticamente todo o continente. Seguidamente, fez uma apresentação detalhada sobre a espécie, a sua disseminação no território nacional e o seu impacto na apicultura, na segurança pública, na produção agrícola e no ambiente/biodiversidade.
Anabela Nave sublinhou que esta espécie invasora é predadora das abelhas melíferas, que usa como alimento para as larvas no seu ninho, tendo um impacto enorme não só na apicultura, mas também no equilíbrio dos ecossistemas que são dependentes destes insetos polinizadores. Abordou, também, o plano de ação nacional para a monitorização e controlo da vespa asiática, realçando que, para já, não existe nenhum isco para a espécie. A inativação de ninhos e a colocação de armadilhas seletivas e sustentáveis, como as que a Parques de Sintra utiliza, são as melhores soluções disponíveis para combater estas invasoras.
Em representação do Serviço Municipal de Proteção Civil de Sintra, Álvaro Terezo e João Marques focaram-se no combate à vespa asiática no concelho e partilharam a sua experiência no que toca aos métodos que têm utilizado para monitorizar, validar e inativar os ninhos. Em resposta aos múltiplos pedidos que recebem por parte da população, cuja segurança é a sua prioridade, os técnicos inativam uma média de 650 ninhos por ano e têm observado uma grande adaptabilidade da espécie, que tem colonizado espaços urbanos e periurbanos em busca de alimento.
Desde o início de 2025, a rede de armadilhas da Parques de Sintra apanhou cerca de dois mil exemplares de vespa asiática. O Castelo dos Mouros, a Vila Sassetti e o Parque de Monserrate são as áreas que registam maior volume de capturas. O alargamento às propriedades privadas permitirá aumentar este número e tornar o combate mais eficaz.