Palácio Nacional de Queluz celebra o Natal em torno do presépio de D. Carlota Joaquina

Na época da rainha D. Carlota Joaquina, que habitou o Palácio de Queluz durante grande parte da sua vida, o presépio era o grande protagonista dos festejos de Natal em Portugal e a Família Real seguia religiosamente este costume. Para evocar esta vivência, o Palácio Nacional de Queluz dá destaque ao presépio que, segundo a tradição, pertenceu à monarca e coloca-o em exposição na Sala da Caça, localizada no início do percurso expositivo, até 6 de janeiro, Dia de Reis.

Trata-se de um presépio do século XVIII, altura em que estas composições com figuras em terracota moldada e pintada atingiram grande esplendor e monumentalidade. Expostas durante o Natal em igrejas, conventos e nas casas das famílias mais abastadas, destinavam-se celebrar o nacimento de Jesus Cristo, acrescentando-lhe representações de atividades do dia-a-dia, tarefas domésticas e até burlescas, como cenas de taberna. A qualidade artística revelava-se na atenção ao pormenor e na mestria na imitação da realidade.

O presépio que terá pertencido a D. Carlota Joaquina é um dos mais densos pelo número de figuras e grupos representados, que o visitante pode descobrir aos poucos. A composição apresenta-se escalonada, criando diversos planos narrativos, com a Sagrada Família em primeiro plano. As passagens bíblicas, como a Anunciação aos Pastores ou a viagem dos Reis Magos para adorar o Menino Jesus, convivem com motivos populares ou bambochadas — é disto exemplo o fandango e uma cena de bêbados — e com cenas do quotidiano protagonizadas por lavadeiras, moleiros, etc.

Exposto numa estrutura em madeira envidraçada produzida em meados do século XIX, este presépio é, também, um dos mais bem conservados. Durante a quadra natalícia, dará as boas-vindas aos visitantes do Palácio Nacional de Queluz, que poderão observá-lo na Sala da Caça; um espaço que outrora pertenceu aos aposentos da rainha D. Carlota Joaquina.