Ao serviço da República - Pavilhão D. Maria I: residência dos Chefes de Estado em visita oficial a Portugal

O primeiro número do novo projeto editorial da Parques de Sintra – Monte da Lua, “Património em Foco” é dedicado ao Pavilhão D. Maria I, importante ala do Palácio Nacional de Queluz. Divulga a história do pavilhão, desde a sua construção e ocupação na época da Monarquia até ao papel desempenhado durante a República.
A presente monografia resultou de uma investigação em diversos arquivos nacionais, como o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, o Arquivo Histórico da Presidência da República, o Arquivo da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, o Arquivo do Palácio Nacional de Queluz, entre outros. Fontes jornalísticas e fotográficas, como o Arquivo Municipal de Lisboa, o Centro Português de Fotografia, o Arquivo do Diário de Notícias, também contribuíram com informações valiosas. A consulta exaustiva destes acervos permitiu reunir documentação inédita, bem como imagens raras que documentam as transformações arquitetónicas e decorativas do pavilhão e ajudam a compreender a sua história e a das personalidades que por lá passaram.
Construído em 1785, segundo projeto do Arquiteto Manuel Caetano de Sousa (1738-1802), o pavilhão foi inicialmente concebido como residência para D. José (1761-1788), Príncipe do Brasil. Após a morte precoce do príncipe, em 1788, foi ocupado pela sua mãe, a Rainha D. Maria I (1734-1816), que aí residiu até 1807, quando a família real partiu para o Brasil. Em 1911, após a Implantação da República, o edifício ganhou uma nova função, acolhendo a Escola Prática de Agricultura de Queluz. Em 1939, foi adaptado a residência temporária do Chefe de Estado e dos hóspedes ilustres do Governo, integrando o plano de restauro do Palácio Nacional de Queluz.
Entre 1940 e 2004, o Pavilhão D. Maria I recebeu cerca de 120 líderes mundiais. Personalidades marcantes, como o Generalíssimo Franco, o Dr. João Café Filho, a Rainha Isabel II, o Imperador da Etiópia, Sukarno, o General Dwight Eisenhower, Nicolae Ceausescu , os Reis de Espanha; François Miterrand, Samora Machel, os Imperadores do Japão, Lech Walesa Presidente da Polónia; entre outros, que visitaram Portugal em diferentes momentos e contextos políticos e económicos, refletindo o papel estratégico da diplomacia na condução da política externa portuguesa.
A musealização do pavilhão, iniciada em 2019, procurou preservar as memórias associadas à sua utilização durante a República como residência oficial, valorizando simultaneamente a sua origem como parte integrante do conjunto arquitetónico e paisagístico do Palácio Nacional de Queluz, enquanto residência da família real portuguesa. Ao integrar as transformações funcionais e estéticas ocorridas ao longo do tempo, o projeto assegurou uma leitura histórica abrangente do edifício, enfatizando o diálogo entre o seu passado régio e o seu papel na diplomacia moderna.
Esta monografia documenta a vasta e significativa história o Pavilhão D. Maria I, apresentando-o como um testemunho vivo da história de Portugal, ligando o passado monárquico às funções desempenhadas na era republicana.