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Sala dos Veados do Palácio da Pena recupera esplendor original e volta a exibir peças de D. Fernando II

14 mai. 2025

A Sala dos Veados do Palácio Nacional da Pena nunca esteve tão próxima do esplendor que a caracterizava na época de D. Fernando II, o rei que ordenou a sua construção. Depois ter recuperado as suas cores originais – tons de pedra nos elementos decorativos em estuque e emolduramentos em azul ultramarino –, na sequência de trabalhos de conservação e restauro levados a cabo em 2022, retoma, agora, a função expositiva que o próprio monarca lhe destinou e volta a estar decorada de acordo com as opções tomadas no século XIX.

 

Os aprofundados trabalhos de investigação que precederam o novo projeto museográfico permitiram apurar que, muito embora a Sala dos Veados tenha sido projetada como Sala de Jantar do Palácio Novo e utilizada algumas vezes para esse fim, por volta de 1876, D. Fernando II decidiu alterar a sua função e transformou-a num espaço onde expunha algumas obras de arte das suas coleções, sobretudo peças de cerâmica. Num período em que tanto o rei como a Condessa d’Edla utilizavam o palácio regularmente, a sala estava, inclusivamente, aberta à visita de um público seleto, conjuntamente com a capela e o torreão.

 

As conclusões deste estudo serviram de base à reconstituição historicamente informada da Sala dos Veados, que devolve ao espaço a função expositiva que desempenhou na época de D. Fernando II, com o interesse adicional de reunir, pela primeira vez, um conjunto de cerca de 70 peças de cerâmica, escultura e mobiliário que pertenceram ao monarca e que integraram a Galeria Nobre do Claustro. No período atual, estes objetos estavam dispersos por outras salas ou na Reserva do Palácio, mas, agora, volta a ser possível observá-los em conjunto, aproximando-nos do racional escolhido pelo rei e mantido, posteriormente, pelo seu neto, D. Carlos, com adições e subtrações pontuais.

 

Entre pratos, jarras, potes, peanhas, candelabros e tamboretes, a maioria das peças expostas são em faiança, de diversas épocas e proveniências. D. Fernando II, o Rei-Artista, era um apaixonado pelas artes e um ávido colecionador que reuniu um extenso e variado conjunto de obras de grande qualidade. A Sala dos Veados mostra uma parte dessa coleção e permite entender o gosto do rei, não apenas no que à cerâmica dizia respeito. A decoração do espaço merece, igualmente, uma atenção especial.

 

O regresso do conforto trazido pelos têxteis

 

O ponto de partida para a musealização da Sala dos Veados foi a compreensão das peças decorativas definidoras do espaço, que foram uma constante ao longo do seu tempo de utilização no período de D. Fernando II. Neste aspeto, destaca-se o regresso da icónica mesa circular original, executada em 1861 pelo carpinteiro Gregório Casimiro, numa altura em que trabalhava nas obras de construção do próprio Palácio, que ainda decorriam. À época, estava permanentemente coberta com uma toalha em paninho escarlate, que foi reconstituída no âmbito deste projeto de museográfico. Tal como no século XIX, serve de suporte para as peças em exposição.

 

Aparadores, prateleiras na coluna central, candeeiros, cadeiras, cortinas, esteira e tapetes completam o cenário idealizado pelo monarca para a divisão. Todos estes elementos voltam a decorar a Sala dos Veados, na sua versão original ou através de reconstituições baseadas estudo das reservas, nas descrições dos inventários e outra documentação.

 

As réplicas das cortinas e da esteira são fundamentais na reconstituição deste espaço palaciano, nomeadamente ao nível sensorial, pois conferem conforto acústico e térmico, além de enriquecerem visualmente a sala. As cortinas, em tons dourado e vermelho, e as passamanarias em lã foram meticulosamente reconstituídas a partir das peças existentes nas reservas do Palácio.

 

A reconstituição dos têxteis originais do Palácio da Pena é um importante e inovador projeto que leva já sete anos de investigação preparatória em diversas frentes, incluindo análise de têxteis de coleções nacionais e internacionais; conhecimento de fornecedores históricos, incluindo empresas internacionais que forneceram a Casa Real Portuguesa e D. Fernando II e se mantêm em laboração; e, ainda, diversas visitas a palácios nacionais e internacionais. A réplica das cortinas da Sala dos Veados é o primeiro resultado deste trabalho detalhado, que continuará em desenvolvimento nos próximos três anos.

 

A musealização da Sala dos Veados integra o projeto global que vem sendo implementado nos interiores do Palácio Nacional da Pena, com vista à reconstituição histórica dos ambientes domésticos que marcaram a vivência da Família Real neste monumento. Para tal, tem sido levada a cabo uma profunda investigação histórica, apoiada em fontes documentais e em iconografia da época.

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