Le Concert de La Loge no Palácio de Queluz

Este programa homenageia a música dos salões nas vésperas da revolução francesa, com um concerto para piano, uma sinfonia de salão e árias de ópera francesas da época. Destaca-se a utilização, neste concerto, do raro pianoforte histórico Clementi, pertencente ao acervo deste palácio.
"Foi sob as arcadas do Palais-Royal parisiense que, na década de 1770 estalou a “Querela entre os Gluckistas e os Piccinistas”, uma violenta controvérsia sobre a necessidade de adaptar a tragédia lírica francesa ao gosto italiano da ópera, então em voga. A criação de 'Orfeu e Eurídice' de Gluck, revista pelo próprio compositor e apresentada no Teatro do Palais-Royal a convite de Marie Antoinette em 1774, foi o prelúdio deste conflito. Tal não impediu a futura rainha de tomar como compositor favorito o principal porta-estandarte da fação oposta, Antonio Sacchini (1730-1786), cuja instalação em Paris contribuiu para que ocorressem notáveis evoluções na escola francesa de canto nesse período. Embora, neste debate, não se tenha distinguido um verdadeiro vencedor, importa reter que foi Gluck quem acabou por ter sobre os seus contemporâneos da geração mais jovem a influência mais considerável. Encontramos a sua marca, nomeadamente, no discreto Jean-Baptiste Moyne (1751-1796), também conhecido como Lemoyne, autor de nada menos que 16 óperas, na sua maioria encomendadas pela Academia Real de Música; bem como em Henri-Joseph Rigel (1741-1799), figura do Concert Spirituel e músico relevante para a transição do cravo para o piano em França, sendo autor de obras raras, que colocam, inclusivamente os dois instrumentos em diálogo. Johann Christoph Vogel (1756-1788), reputado trompista e hábil compositor de origem germânica, foi outro fervoroso defensor da reforma Gluckista. A sua 'Demofonte', obra representativa dos enlevamentos tempestuosos da corrente Sturm und Drang, levada à cena pouco depois da sua morte prematura aos 32 anos, é aclamada pelo público e pela crítica, tendo a sua abertura permanecido inscrita no repertório da Opéra durante largas décadas."
Lucien Pagnon (concertino e solista)
Programa
Henri-Joseph Rigel (1741-1799)
Concerto para piano
Antonio Sacchini (1730-1786)
‘Chimène, ou Le Cid’: Ato 3 (Chimène), recitativo e ária “C’est votre bonté que j’implore”
Christoph Willibald Gluck (1714-1787)
‘Orphée et Eurydice’: recitativo e ária “Fortune ennemie”
Jean-Baptiste Lemoyne (1751-1796)
‘Phèdre’: recitativo e ária “Il va venir, c’est Phèdre qui l’attend”
Johann Christoph Vogel (1756-1788)
‘Démophon’, Dircée: recitativo e ária “Age d’or Ô bel âge”
André-Ernest-Modeste Grétry (1741-1813)
Lucile: “Hélas je touchais de si près!”
Richard cœur de Lion: “Je crains de lui parler la nuit”
Céphale et Procris: “Plus d’erreur plus d’espoir qui console mon âme”
François-Joseph Gossec (1734-1829)
Sinfonia em quarteto
