
Música
Serões Musicais no Palácio da Pena
Serões Musicais no Palácio da Pena
Em 2021, a 7ª edição da Temporada de Música da Parques de Sintra, com direção artística de Massimo Mazzeo e organizada em parceria com o Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal – Divino Sospiro, arranca em maio, com o ciclo Serões Musicais no Palácio da Pena. Estes concertos – previamente agendados para 2020, mas cancelados devido à pandemia de Covid-19 – levam-nos numa viagem até aos momentos áureos deste palácio, altura em que a música era um elemento fulcral nas sessões mais intimistas vividas no Salão Nobre.
De Sintra, partimos para França e Alemanha e exploramos aquela que é conhecida como a geração romântica. Cátia Moreso, João Rodrigues, António Figueiredo, Irene Lima e João Paulo Santos presenteiam o público com obras de grandes nomes do Romantismo, como Liszt, Mendelsshon e Berlioz.
O Quarteto Tejo, vencedor do Prémio Jovens Músicos, categoria de Música de Câmara - Nível Superior, traz-nos de volta a Portugal, apresentando um programa focado em dois grandes nomes da música erudita nacional: Joly Braga Santos e Luís de Freitas Branco. Já Nuno Ventura de Sousa, vencedor de inúmeros prémios nacionais e internacionais, dedica o seu programa a alguns dos maiores pianistas de todos os tempos, como Chopin e Medtner.
Os Serões Musicais terminam com o concerto da famosa cantora lírica Sara Mingardo, que nos revela o lado mais intimista de Brahms, num concerto exclusivamente dedicado ao compositor alemão.
O principal objetivo da Temporada de Música da Parques de Sintra é proporcionar ao público a experiência da memória imaterial dos três Palácios Nacionais sob sua gestão – Pena, Sintra e Queluz – recriando o ambiente vivido nos seus grandes salões durante os tempos áureos da sua vivência. Este ano, devido aos constrangimentos provocados pela pandemia de Covid-19 no mundo inteiro, não irá realizar-se o ciclo Reencontros – Memórias Musicais no Palácio de Sintra, que, no início do verão, costuma trazer de volta ao Palácio Nacional de Sintra a música medieval e renascentista que ali se ouviu ao longo de oito séculos. No entanto, em outubro e novembro, o ciclo Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie regressará ao Palácio Nacional de Queluz, para fazer reviver o esplendor da música setecentista.
A Temporada de Música da Parques de Sintra conta a história da Música a par da dos Palácios Nacionais que acolhem cada um dos ciclos, através das interpretações dos artistas convidados, entre os quais se contam muitos dos mais conceituados intérpretes especializados na música destas épocas.
Massimo Mazzeo - Direção Artística
Podemos questionar-nos sobre qual será a função da arte na sociedade atual, de que serve alongarmo-nos na contemplação da beleza num mundo que procura, cada vez mais, o útil. A resposta vem de dentro do Homem, da necessidade fisiológica de usar as suas exigências como um trampolim para a mente. O que nos conduz à história da criação musical é verdadeiramente o resultado de um grandioso volteio do pensamento humano.
Olhando para as nossas raízes e para o passado e, em simultâneo, com os olhos postos na contemporaneidade, a Temporada de Música de 2021, que decorre de maio a novembro, intercala produções e convidados nacionais e internacionais, propondo obras do repertório sacro e profano, da Renascença ao início do século XX, com o objetivo de colocar os espaços, a memória histórica dos palácios de Sintra e os protagonistas da sua cultura musical em constante diálogo com os grandes compositores de música da Europa Ocidental e do Mediterrâneo, assim como, com algumas “divagações” dos mundos mais distantes, que podem ser geograficamente, ou modestamente, distantes de nós e do nosso conhecimento.
Obras de Schumann, Berlioz, Liszt, Mendelssohn, Tchaikovsky, Brahms e Rachmaninov são apenas algumas das peças do caleidoscópio que se desdobra ao longo deste primeiro ciclo de concertos - Serões Musicais no Palácio da Pena. Os intérpretes convidados apresentam-se, uma vez mais, aos nossos olhos, e mais ainda aos nossos ouvidos, como um Olimpo: Sara Mingardo, Nuno Ventura de Sousa, Quarteto Tejo, João Paulo Santos, são artistas de uma excelência absoluta, alguns dos quais encontraram, nas últimas décadas, um lugar inalienável no coração e na vida de muitos amantes da música mundial.
Esta Temporada de Música é resultado de um debate frutífero e constante de inteligência e conhecimento interdisciplinares e concentra o propósito, espero que bem-sucedido, de conjugar conceção, criatividade e inovação, com a devoção à tradição de lugares físicos ou intelectuais e à sua História, através da redescoberta e aprimoramento dos protagonistas do contexto musical de hoje, no constante serviço de respeito à arte suprema que nos chegou do passado.
A verdade é que nos encontramos em constante procura, nunca alcançando a meta. O beijo da musa é o único objetivo, pois a arte não é um acessório bonito, mas o cordão umbilical que nos conecta ao divino e tranquiliza a nossa humanidade. A arte guia-nos e estimula-nos a alcançar uma certa realização íntima. É o espelho em que devemos olhar-nos. A tentação de evitar esse confronto obriga-nos, por vezes, a abordar a arte como algo meramente estético ou popular e, com muita frequência, aqueles que abordam a música de forma superficial e alienada não têm a perceção do que significa trazer ao público uma ópera, ao invés de uma sinfonia. Eu desejo que o público cresça com música, feliz. A música é fundamental para todo o ser humano e jamais poderíamos viver sem ela: o filósofo alemão Friedrich Nietzsche chegou a escrever que a existência privada da música seria um erro. Ela é uma linguagem própria da alma que chega diretamente ao coração das pessoas e nos rodeia em todos os lugares e em todos os momentos.
No mundo musical de amanhã, haverá uma multidão de apaixonados da música que a ouvirá com a mente aberta e desprendidos de restrições.
Diz-se frequentemente que a arte está ao alcance de todos, mas não é para todos. Eu discordo e acho mais correto dizer que a arte, e principalmente a música, está ao alcance de todos aqueles que desejam desafiar-se a si próprios através dela.
Aproveito este espaço para lembrar a figura do pianista Daniel Cunha (1982–2020), convidado para o ciclo dos Serões no Palácio da Pena do passado 2020, que entretanto viu o seu percurso de vida abrupta e injustamente interrompido. Era um dos nossos convidados e, até o último momento, estive em contacto com ele, cultivando sempre a esperança de podermos reconciliar-nos com o mundo e com a música aqui, na Pena. Não poderemos fazê-lo da maneira que queríamos e isso é para nós uma razão de grande tristeza. Fica, no entanto, marcada a sua presença através da homenagem que, de acordo com Nuno Ventura de Sousa, será feita, dedicando-lhe os dois recitais de 4 e 5 de junho. Caro Daniel Cunha, "per aspera ad Astra".
A segurança é o nosso compromisso
A Parques de Sintra obteve o selo “Clean & Safe” do Turismo de Portugal, que garante a implementação de procedimentos seguros no âmbito da prevenção da COVID-19.
